terça-feira, 28 de maio de 2013

Ai, o tempo

Os ingleses continuam constipados (e agora, com o Verão que pelos vistos vai passar férias a outras paragens, também nós ficaremos mais constipados) e os computadores continuam com problemas e eu continuo com muita coisa para dizer por aqui, o tempo é que é tramado. Mas lá vamos andando, devagarinho, e depressa voltarei a estas paragens.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Como trabalhar num documento em equipa com o Google Drive

Por vezes, uma equipa precisa de trabalhar num determinado documento em conjunto.


  • Solução má (mas que quase toda a gente usa): alguém faz um documento em Word, envia para os membros da equipa, e todos fazem os seus comentários em separado. Consequência: os comentários perdem-se, alguém tem de andar a juntar aquilo tudo, os erros multiplicam-se, a equipa fica irritada porque cada um fez comentários que os outros ignoram, porque a certa altura já estão a trabalhar numa versão que ninguém sabe qual é... Enfim, um desastre.
  • Solução um pouco melhor: alguém cria um documento no Google Drive (ou carrega um documento pré-existente) e todos podem comentar, responder a comentários, ver as alterações, reverter alterações, tudo no mesmo local e sem qualquer dificuldade. 

Como criar um documento partilhável no Google Drive?


  • Acedemos a http://drive.google.com. (Convém ter uma conta Google/Gmail.)
  • Entramos na conta com o nosso utilizador e palavra-passe.
  • Criamos um documento ("Create") ou fazemos o carregamento (seta ao lado de "Create").



Pronto, já temos um documento partilhável. E agora? 

Antes disso, um truque para que isto seja ainda mais fácil.

Partilhar um documento recebido por email.

Se alguém nos enviar um documento por email, podemos começar a editá-lo sem o descarregar. O truque é este: carregamos em "Visualizar".


Aparece o documento, com as seguintes opções:


Carregamos em "Edit online".

O documento passa a estar editável na nossa Google Drive.

O que podemos fazer com o documento que temos na Google Drive?

Podemos partilhá-lo, comentá-lo, editá-lo, tudo em equipa, com cores diferentes para distinguir os vários participantes.

É possível criar comentários e responder aos comentários dos outros. As edições podem ser simultâneas, podemos conversar com os outros utilizadores num chat dedicado, ao lado do próprio documento, podemos guardar as várias versões e voltar atrás, etc.

A esta hora da manhã, não consigo entrar em diálogo com ninguém para exemplificar, mas vou comentar o documento, para verem como fica:


Quando a questão está resolvida, é só carregar em "Resolve" (canto superior direito da caixa de comentários) e os comentários relativos àquele ponto desaparecem.

Opções de partilha

Para partilhar, carregamos em "Partilhar"/"Share" e temos várias opções: ou podemos partilhar com o mundo inteiro ("Public on the web"), apenas com as pessoas que seleccionarmos ("Private") ou apenas com as pessoas que tiverem um determinado link, complexo, que serve como palavra-passe (mas que, se for descoberto por acidente, permite o acesso ao documento) — "Anyone with the link". 

Claro que para documentos mais importantes ou confidenciais, convém escolher a opção "Private".


Garanto que esta forma de colaborar é muito mais simples do que o habitual "vamos todos trocar tantos emails que a certa altura já ninguém sabe a quantas anda". 

Fica o conselho. Qualquer ideia ou sugestão será bem-vinda!

Nota final: claro que há outras opções para fazer este tipo de partilha: o SkyDrive ou Sharepoint, e muitos outros serviços semelhantes. O Gmail, no entanto, tornou-se o email mais usado. Assim, com vista a ser útil ao maior número possível de pessoas, escolhi o Google Drive.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

O meu bairro

Escrevi aqui qualquer coisa sobre o aniversário da Expo.

"Um bairro é apenas um sítio onde estão pessoas e as pessoas são o importante. O meu verdadeiro bairro é muito maior do que este local à beira-rio. São os meus amigos, a minha família (espalhada pelo país), os meus colegas e até os meus conhecidos — e das minhas viagens. O meu bairro inclui grande parte de Lisboa, muitas ruas de Peniche e de Ponte de Sor, algumas de Leiria, ruas do Porto, ruas de Cambridge, e inclui até partes da Amadora, da Parede, de V. N. de Santo André e de outras de que agora não me lembro — e ainda Paris, Barcelona, Londres e todos os sítios que já passei ou quero passar. Mas, claro, o meu bairro tem uma praça central, onde vivo, que vejo da minha janela — e essa praça central faz hoje 15 anos."

A palavra "Metro"

Este blogue herda também a função do blogue Certas Palavras, e como primeira palavra dessas certas palavras, temos Metro. (Isto porque hoje andei de metro — o que é mais raro do que devia, mas sobre isso falarei mais tarde.)

http://11870.com/pro/metro-do-porto/media/460155eb
Já ouvi muitas pessoas afirmarem que o Metro do Porto não devia ser chamado de metro porque não é debaixo de terra. Ora bem... Este problema tem mais a ver com saber-se, de facto, o que quer dizer a palavra metro do que propriamente com o Metro do Porto em si. (Depois, se andarem um pouco no Metro do Porto verão que, dentro do Porto, o dito cujo passa muito tempo por baixo de terra.)

Pensemos um pouco na palavra. O que quer dizer "metro"? É uma concatenação da palavra "metropolitano" e, se quisermos ser literais, significa apenas um comboio metropolitano, com a configuração que lhe quisermos dar. Mas o que é um comboio metropolitano? Vejamos a missão do Metropolitano de Lisboa: "Prestar um Serviço de Transporte Público de Passageiros, em modo metro, orientado para o cliente, promovendo a mobilidade sustentável." O que raios é o modo metro? Será, digo eu, um comboio que não esteja misturado com o trânsito, com vias próprias — distinguindo-se do eléctrico... —, que seja rápido e adaptado à vida em cidade. Um comboio que permita viajar rapidamente pela cidade. O Metro do Porto permite viajar rapidamente pela cidade. Julgo que sim.


Mas escavemos mais fundo. Não tive tempo para tirar tudo a limpo, mas o nome do Metropolitano tem origem na tradição ocidental de chamar aos comboios do centro urbano (quase sempre subterrâneos) de metropolitanos. Esta palavra, instituída para o Metropolitano de Paris (e quase tods que vieram a seguir), teve a primeira incarnação na Metropolitan Line do London Underground (que, curiosamente, como se vê, é um dos poucos metropolitanos que não se chama "metropolitano").

https://en.wikipedia.org/wiki/File:Paris_Metro_Sign.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/File:Underground.svg

Ora, em inglês, poderíamos talvez dizer dizer que ou é debaixo de terra ou não é Underground coisa nenhuma. Afinal, em Londres, existem linhas sobreterrâneas (isto existe?) com o nome overground. Sim, existe o London Overground!

London Overground
http://www.tfl.gov.uk/corporate/modesoftransport/londonrail/15360.aspx

https://en.wikipedia.org/wiki/File:Overground_roundel.svg

Aqui está o busílis: o metro mais antigo não se chama metro (chama-se Underground, ou Tube para os amigos) e este metro mais antigo (que não se chama metro...) é por natureza um comboio que anda debaixo de terra. Assim, os europeus ficaram com a ideia que um metro tem de estar bem enterrado, senão, não é metro coisa nenhuma. Mas, no fundo, se virem bem, o London Overground é apenas mais um sistema de... metro de Londres.

Portanto, o metro é um comboio dos centros urbanos, geralmente enterrado (mas não necessariamente). O Porto criou um sistema de metro urbano (e suburbano), com partes significativas debaixo de terra (e outras por cima de pontes) e decidiu chamar-lhe metro. Nada a dizer. Se o Metropolitano de Lisboa começasse a expandir-se pelos subúrbios (como, aliás, já começou) e o fizesse à superfície, não deixaria de ser o Metropolitano de Lisboa...

Uma amiga minha, perante esta argumentação toda, disse-me apenas: "tudo bem, mas o Metro do Porto é um eléctrico, ponto final". Cada um com a sua...

E pronto, para não dizerem que vão daqui sem nada, ficam duas recomendações: leiam o belíssimo primeiro romance de Julian Barnes, Metroland, nome que se refere à zona a noroeste de Londres "banhada" pela Linha Metropolitana (a linha mais antiga do Underground e que tem uma grande porção por cima de terra, o que só complica as coisas e mostra que até o Underground pode ser à superfície, isto numa cidade que tem um Overground — que se calhar, às vezes, também desce às catacumbas londrinas, só para irritar). Mas, descansem, o romance de Julian Barnes não tem muito a ver com o metro, tem muito mais a ver com o Maio de 68, com Paris, com a amizade e com o crescimento. Um romance de aprendizagem, como muitos, só que muito bom.

Para quem gosta mesmo de subterrâneos, leia London Under de Peter Ackroyd (o autor de London, a Biography). Mais tarde falarei deste livro com mais tempo. Quando era pequeno, sonhava ter um subterrâneo (talvez fosse porque lia muito os Cinco) e este livro é delicioso. Nem imaginam o que está por baixo duma cidade como Londres. Ou talvez até façam alguma ideia... Mas será uma ideia errada, quase de certeza. A realidade é bem mais espantosa do que possamos imaginar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Os smart phones e o desconcerto do mundo

Há pouco as televisões estavam a dizer que um dos produtos de consumo que os portugueses consumem cada vez mais, ao contrário de quase tudo o resto, são os smart phones. Obviamente, os comentários (e o tom dos jornalistas) vão todos no sentido de que isto é prova do desconcerto do mundo (que só quem não leu Camões acha que é uma sensação nova).

Ou seja: os portugueses compram cada vez mais smart phones? Então é porque os portugueses são doidos.

Na realidade, isto não prova que os portugueses estejam tontos, a comprar smart phones e a poupar no pão. Apenas que os smart phones são cada vez mais baratos e substituem hoje os telemóveis menos smart. Ou seja, quando alguém queria um telemóvel, há uns 5 anos ia a uma loja e levava um telemóvel não smart por 100 euros. Hoje, vai a uma loja e leva um telemóvel smart por uns 80. É bem provável (mas não tenho os dados...) que o consumo em termos de valor gasto, no global, seja agora menor.

Mas, claro, a notícia dita como as televisões a dizem ("compram-se cada vez mais smart phones") é mais engraçadita, mais ao estilo do nacional-comentário, mais no sentido da opinião comum de que está tudo doido. E muitos destes comentadores do está-tudo-doido-porque-todos-têm-smartphones comentam de smart phone no bolso, claro.

Ah, parem com isto também. Também é treta.


Agora a sério: parem lá com isso!

Se virem uma coisa destas no mural dum amigo vosso...


não partilhem, não "gostem", não digam nada, mandem uma mensagem privada ao vosso amigo a dizer para ter juízo.

Se têm dúvidas, esperem uns dias, e ponho aqui um post a explicar porquê. Mas, por enquanto, vão por mim: isto é uma boa treta, que pega nos medos actuais para criar uma epidemia que, se não faz mal a ninguém, mostra quão ingénuos somos todos. Quais medos? O medo das grandes empresas, o medo dos custos escondidos, o medo da perda de privacidade — tudo medos legítimos e, em muitos casos, com boas bases, mas que neste caso se conjugam para nos levar a partilhar a parvoíce mais pateta. Ninguém está livre disto...

(Só uma pergunta, para lá de tudo o resto: porque carga de água iria o Facebook isentar do pagamento de qualquer taxa um utilizador só porque colávamos um textito no nosso perfil?)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Não há tempo para tudo...

E por isso vou ter de juntar vários projectos blogueiros neste poiso, já com novo nome:

  • Certas Palavras
  • O Caçador de Disparates
  • Bicionário
  • Ingleses Constipados (mais antigo)
Nem ponho aqui as ligações, para os fechar. Entretanto, trago os posts todos para aqui (a tentação reptiliana — dizem — de juntar tralha até aqui se manifesta).

Hábitos e tal

Não posso aconselhar, porque ainda não li, mas está na pilha, apesar de soar muito a "self-help". Enfim, o "self-help" às vezes até pode ajudar. Nunca se sabe... Para um tradutor, os hábitos são importantes: porque é preciso alguma disciplina para trabalhar em tradução (principalmente por conta própria) e porque muito do que fazemos equivale a conhecer muito bem os hábitos linguísticos dos falantes da língua de chegada. Claro que este livro não fala disso, mas será útil para quem precisa de mudar de hábitos. Tradutor ou não...